8. Por que existem Mitos?

Os mitos existem por causa da boa-fé que as pessoas depositam em suas autoridades, as quais variam desde os pais até os líderes mundiais. Isto nos indica que o mito é um fator ideológico que promove a dominação dos menos esclarecidos e a sublimação dos “bem nascidos”. Percebemos que a consciência mítica é uma engrenagem que faz o mundo girar, tendo aqueles que lucram com o Mito e aqueles que pagam a conta.
Os gregos são considerados os inventores da filosofia justamente por causa da ousadia que tiveram em questionar a dominação dos deuses sobre o mundo dos homens. Primeiro surgiram os pensadores cosmológicos que demitizaram a divindade do mundo. Depois vieram os fisiológicos demitizando a divindade da natureza. Por ultimo chegaram os antropológicos demitizando a divindade dos homens. Os mitos olímpicos foram desafiados e superados, dando origem aos mitos filosóficos.
A humanidade não conhece um só período de sua história sem mitos. Pense no mito da felicidade, da riqueza, da vitória, da vida eterna e da liberdade. Quem neste mundo pode existir sem a boa fé de que é possível ser feliz, aumentar suas posses, vencer os desafios, vencer a morte e ser livre para viver? Estas ideologias movimentam os homens em todas as direções e dão sentido para as angústias, os sofrimentos e as esperanças da humanidade.
O mito chega a ser um entorpecente que suaviza a tragédia do mundo, pois as pessoas que acreditam em uma causa maior aguardam por salvadores, libertadores, avatares, alienígenas e gênios do bem. Acreditam que forças sobrenaturais podem vir em socorro dos pobres e oprimidos, mas a realidade tem se mostrado deprimente para a grande maioria de sofredores.
Ao se desencantar com a consciência mítica a pessoa é desafiada a “pensar por conta própria” e isto significa uma mudança de postura ante os temores que as lendas, os contos e os mitos provocam. Os mitos são proporcionais aos medos e quanto maior o pavor, maior a força do mito sobre aquele que nele acredita. Portanto, os mitos existem por causa do medo e se alimentam dos temores, muitas vezes, sem fundamento real algum.

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