Os mitos existem
por causa da boa-fé que as pessoas depositam em suas autoridades, as quais variam
desde os pais até os líderes mundiais. Isto nos indica que o mito é um fator ideológico que promove
a dominação dos menos esclarecidos e a sublimação dos “bem nascidos”.
Percebemos que a consciência mítica é uma engrenagem que faz o mundo girar,
tendo aqueles que lucram com o Mito
e aqueles que pagam a conta.
Os gregos são considerados
os inventores da filosofia justamente por causa da ousadia que tiveram em
questionar a dominação dos deuses sobre o mundo dos homens. Primeiro surgiram
os pensadores cosmológicos que demitizaram a divindade do mundo. Depois vieram
os fisiológicos demitizando a divindade da natureza. Por ultimo chegaram os antropológicos
demitizando a divindade dos homens. Os mitos olímpicos foram desafiados e
superados, dando origem aos mitos filosóficos.
A humanidade não
conhece um só período de sua história sem mitos. Pense no mito da felicidade,
da riqueza, da vitória, da vida eterna e da liberdade. Quem neste mundo pode
existir sem a boa fé de que é possível ser
feliz, aumentar suas posses, vencer os desafios, vencer a morte e ser livre para viver? Estas ideologias movimentam os homens em
todas as direções e dão sentido para as angústias, os sofrimentos e as
esperanças da humanidade.
O mito chega a ser um entorpecente que
suaviza a tragédia do mundo, pois as pessoas que acreditam em uma causa maior
aguardam por salvadores, libertadores, avatares, alienígenas e gênios do bem. Acreditam
que forças sobrenaturais podem vir em socorro dos pobres e oprimidos, mas a
realidade tem se mostrado deprimente para a grande maioria de sofredores.
Ao se desencantar com a consciência mítica a pessoa é desafiada a “pensar por conta própria”
e isto significa uma mudança de postura ante os temores que as lendas, os
contos e os mitos provocam. Os mitos são proporcionais aos medos e quanto maior
o pavor, maior a força do mito sobre aquele que nele acredita. Portanto, os
mitos existem por causa do medo e se alimentam dos temores, muitas vezes, sem
fundamento real algum.
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