19. Teste vocacional de Filosofia

Como saber se você possui ou não Vocação Filosófica? Difícil é esta pergunta, e mais difícil a resposta. De acordo com Immanuel Kant, “não se ensina filosofia, mas se ensina a filosofar”. Isto significa que somente os interessados em filosofia estão lendo os artigos deste blog, pois quem não se julga vocacionado a filosofar jamais “perde tempo” com a Filosofia.
Sócrates, considerado pai da filosofia, dizia que sua vocação filosófica vinha por inspiração divina, pois um espírito o inquietava sobre a verdade das coisas. Ele passou os últimos anos de sua vida investigando se as pessoas tinham domínio daquilo que afirmavam serem especialistas. Jamais encontrou ninguém que lhe provasse ser o que aparentava.
Neste caso, se você é uma pessoa inquiridora e não se satisfaz com respostas prontas, enlatadas e definitivas, há um forte indicio de que seja vocacionado a filosofar. Você irá aprender a “fazer perguntas” até cansar seus interlocutores e os levar a reconhecer a superficialidade de suas convicções.   
Platão, sucessor de Sócrates, falava de uma disciplina filosófica, desde que a pessoa soubesse o mínimo de geometria, ou seja, que gostasse da ciência dos números. Ele não ia buscar discípulos, e não aceitava a qualquer que se julgasse vocacionado. Era preciso comprovar a vocação, passando anos e anos aos pés de Platão ouvindo muito e falando pouco.
Neste caso, se você é uma pessoa de poucas palavras, mas muitos pensamentos, há um segundo indício de sua vocação filosófica. Também deve ser uma pessoa que economiza sua sabedoria, sabendo que a maioria das pessoas gosta mais de falar que ouvir, portanto, não adianta tentar explicar com profundidade aquilo que as pessoas ouvem com superficialidade.
O último indício de sua vocação filosófica é sua disposição em ler tudo o que te vem à mão. Não importa se os textos é complexo ou simples, extenso ou curto, de grandes autores ou anônimos. Você simplesmente “lê de tudo” e não se espanta com facilidade. Mas se encontrar algum texto ilustre, que te encante a mente, você lê, compartilha e guarda no coração. 

18. A relação entre Filosofia e Ética

A ética não é uma ciência exata. Ela faz parte das ciências humanas, portanto possui um caráter mutável, dinâmico e dialogal. Ela se preocupa com a ideia do certo e do errado, mas não em nível particular, e sim, no âmbito do convívio em sociedade. Isto significa que não existe ética pessoal, pois neste caso devemos recorrer à moral.
A diferença entre Ética e Moral é de difícil definição, pois ambos os termos são utilizados como sinônimos, sendo que Ética vem dos gregos e Moral vem dos latinos. Os gregos, com a Ética, buscavam discutir regras que pudessem ser consideradas justas para todos, portanto, falar eticamente é buscar a Justiça. Os latinos, com a Moral, se preocupavam com assuntos íntimos, pessoais e menor abrangência. Eles buscavam uma justiça que servisse ao momento em que estavam vivendo.
Muitas atitudes podem ser consideradas imorais, mas não são antiéticas! Como pode ser isto? Acontece que as atitudes imorais ferem a consciência das pessoas, mas não são injustas. Os muçulmanos, por exemplo, julgam que as meninas não devem sentar perto de meninos, e caso isto aconteça as meninas sofrem a censura por parte dos homens. Mas esta regra é estritamente para a cultura deles. É uma Moral islâmica!
Sempre que estamos falando em regras de grupos e de indivíduos, estamos usando o princípio de moralidade. Sempre que estamos falando de regras para grandes sociedades (como a sociedade escolar), estamos usando o princípio da ética.
A ética se preocupa com a consciência coletiva. A moral se preocupa com a consciência individual. Sempre que procuramos estabelecer nossa moral como regra para todos iremos encontrar resistência por parte das pessoas que não pertencem à nossa sociedade limitada. Neste caso é antiético forçar os outros a viver por regras que não tenham nada a ver com suas culturas.
Somente a Ética possui habilidade para dialogar com culturas diferentes, pois ela não se impõe como regra moral e irretocável, mas como regra de convívio justo entre pessoas de diferentes categorias e culturas. Este convívio pode ser conflituoso, mas busca respeitar as fronteiras entre o eu o outro.