Nosso mundo,
apesar de se vangloriar do progresso científico,
também se banha nas águas dos mitos. Aliás, o progresso científico é o maior de todos os mitos de nosso tempo. Tudo
à nossa volta é uma amostra do Grande Mito da Ciência, pois ela criou um mundo
repleto de ondas invisíveis que invadem nossos olhos, ouvidos e nosso coração,
sem que percebamos a invasão que sofremos. Os celulares são onipresentes nos
lares brasileiros e servem como janelas para o mundo, mas também servem como
narcóticos para a mente. O mito da Ciência propõe tornar o mundo melhor, mas o
custo é a vida real.
Muitos
pensadores procuram alertar a humanidade sobre o perigo de continuarmos validando o mito da ciência, mas suas
vozes não alcançam os ouvidos de quem se tornou dependente do avanço
tecnológico. Como viver sem transporte automotor (carros, aviões, trens e
motos)? Como viver sem computador, celular, tablet, televisor e
eletroeletrônicos? Como dispensar a radioterapia, quimioterapia e a
hemodiálise? Este é o poder do mito! Ele nos aliena de uma vida simples,
natural e limitada por recursos modestos. A ciência ganhou o status que as
divindades ocupavam e exige culto de fé cega.
Nós validamos
os mitos porque há uma relação de dependência com eles. Eles dão sentido a
muita coisa trágica neste mundo e alimentam nossa esperança de viver melhor.
Mesmo que sejam desmistificados e denunciados como “falsas divindades”, nem por
isso perdem o encanto. Pense em uma pessoa que descobre o câncer e sua única
esperança é passar por um tratamento a médio prazo, do contrário, morre em
poucos meses. O que fazer? Aceitar a tragédia ou fazer o tratamento? O mito da
ciência diz que “é melhor adiar a morte, e quem sabe, alcançar a cura”. Mas os
oncologistas sabem que “ninguém se cura de câncer, apenas adia o inevitável”.
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Nós validamos
os mitos por que precisamos encontrar sentido para viver melhor, até que a
morte encerre nosso desejo de lutar. Se desmistificarmos o mundo, precisamos
colocar outra coisa no lugar. Quem poderá superar a proposta dos mitos? Quem
nos contará a historia dos heróis que tombaram de arma em mãos? Quem nos fará
acreditar no paraíso, no céu dos justos, na justiça e no amor? Talvez a
religião possa ocupar esta missão, mas a rigidez de seus rituais engessa o
espírito humano, e neste caso é melhor continuar com a esperança dos mitos que
anestesiam a mente e nos fazem adormecer.
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