11. Quem valida os Mitos?

Nosso mundo, apesar de se vangloriar do progresso científico, também se banha nas águas dos mitos. Aliás, o progresso científico é o maior de todos os mitos de nosso tempo. Tudo à nossa volta é uma amostra do Grande Mito da Ciência, pois ela criou um mundo repleto de ondas invisíveis que invadem nossos olhos, ouvidos e nosso coração, sem que percebamos a invasão que sofremos. Os celulares são onipresentes nos lares brasileiros e servem como janelas para o mundo, mas também servem como narcóticos para a mente. O mito da Ciência propõe tornar o mundo melhor, mas o custo é a vida real.
Muitos pensadores procuram alertar a humanidade sobre o perigo de continuarmos validando o mito da ciência, mas suas vozes não alcançam os ouvidos de quem se tornou dependente do avanço tecnológico. Como viver sem transporte automotor (carros, aviões, trens e motos)? Como viver sem computador, celular, tablet, televisor e eletroeletrônicos? Como dispensar a radioterapia, quimioterapia e a hemodiálise? Este é o poder do mito! Ele nos aliena de uma vida simples, natural e limitada por recursos modestos. A ciência ganhou o status que as divindades ocupavam e exige culto de fé cega.
Nós validamos os mitos porque há uma relação de dependência com eles. Eles dão sentido a muita coisa trágica neste mundo e alimentam nossa esperança de viver melhor. Mesmo que sejam desmistificados e denunciados como “falsas divindades”, nem por isso perdem o encanto. Pense em uma pessoa que descobre o câncer e sua única esperança é passar por um tratamento a médio prazo, do contrário, morre em poucos meses. O que fazer? Aceitar a tragédia ou fazer o tratamento? O mito da ciência diz que “é melhor adiar a morte, e quem sabe, alcançar a cura”. Mas os oncologistas sabem que “ninguém se cura de câncer, apenas adia o inevitável”.

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Nós validamos os mitos por que precisamos encontrar sentido para viver melhor, até que a morte encerre nosso desejo de lutar. Se desmistificarmos o mundo, precisamos colocar outra coisa no lugar. Quem poderá superar a proposta dos mitos? Quem nos contará a historia dos heróis que tombaram de arma em mãos? Quem nos fará acreditar no paraíso, no céu dos justos, na justiça e no amor? Talvez a religião possa ocupar esta missão, mas a rigidez de seus rituais engessa o espírito humano, e neste caso é melhor continuar com a esperança dos mitos que anestesiam a mente e nos fazem adormecer.

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