Devemos filosofar
por motivos existenciais, científicos e espirituais. Existenciais
por causa de nossa necessidade em encontrar sentido para a vida neste mundo; Científicos por causa de nossa
necessidade em dominar o mundo em que vivemos; Espirituais por causa de nossa necessidade em vencer a tragédia da
morte.
Alguém dirá
que a filosofia é necessitarista, isto é, ela se ocupa apenas com aquilo que é
absolutamente necessário, e fora das necessidades não é necessário filosofar. O
difícil é definirmos a fronteira entre o necessário e o dispensável, pois há uma
relação de dependência entre o relativo e o absoluto. Não há nada que seja
relativo em si mesmo, ou seja, que possa ser dispensado por completo sem
interferir no resultado de sua ausência.
Vamos supor a “teoria do vácuo absoluto”, onde o vazio
é total sem nada dentro. Neste caso o vácuo é alguma coisa e o nada não existe,
pois existe algo que chamamos “vácuo” e que tem algo dentro: “o vazio”. Neste caso
o “vácuo” é necessário, pois sem ele o vazio não existe. Mas sem o vazio o vácuo
também não existe. E sem o vácuo não podemos pensar o espaço cheio de tudo em
volta.
Como se vê
temos três razões para filosofar. Existenciais,
pois necessitamos de sentido para vivermos neste mundo de vácuos e vazios sem
explicações. Científicas, pois é um
absurdo continuarmos na ignorância acerca de nossas potências e forças para
controlar estes vazios e vácuos. Espirituais,
pois devemos ir além deste mundo para satisfazermos a finalidade de nossa vida.
A filosofia não
se limita a buscar respostas e oferecer soluções racionais. Ela se alimenta de
uma inquietude permanente que destrói tudo a sua volta, como uma criança
curiosa que joga seu brinquedo no chão somente para descobrir o que tem dentro
dele. Mas ao contrário da criança que desiste logo de brincar, a filosofia
procura criar novos brinquedos com as peças soltas e consegue inventar sentidos
para esta vida, doutrinas que explicam o mundo e esperança para um futuro
melhor, onde a Vida Boa é uma realidade para todos os que já respiraram o ar
deste mundo.
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