17. A relação entre Filosofia e Religião

A Filosofia da Religião não é uma defesa da prática religiosa, mas uma investigação crítica desta prática. É inegável que as pessoas tornam-se alienadas de certas realidades por causa de seu apego ao mundo religioso e seu discurso espiritualizante. A filosofia não incentiva o fim da religiosidade, mas denuncia o aspecto viciante e até desumanizador das religiões.
Tudo começa com a ideia de culto aos deuses ou espíritos de outra dimensão. Por que devemos adorar um ser chamado Deus ou a seres divinos? Quais são as evidências reais da existência de Deus? Por que precisamos dispensar uma vida inteira de fé a um ser invisível e que sempre é visto entre as elites ricas deste mundo?
A boa fé dos religiosos os leva a crer que Deus vai abençoá-los com saúde, prosperidade e felicidade, além da salvação eterna de suas almas. A filosofia não questiona a fé religiosa, nem a veracidade sobre a existência de Deus, mas faz as perguntas sobre a autenticidade postulados da Religião, ou seja, se os líderes e representantes das religiões são autênticos e honestos sacerdotes ou estão manipulando as multidões com promessas de um paraíso que não existe, com uma salvação que não salva ninguém.
É por esta razão que os líderes religiosos costumam odiar e perseguir os filósofos racionalistas e ateístas, pois esta classe de pensadores não poupa esforços para desmentir e desmerecer a prática religiosa. Mas a Filosofia não se ocupa somente em criticar. Ela procura tão somente desconstruir o discurso religioso e por à prova se aquilo que pregam é honesto e de boa mente ou não passa de farsa e ludibrio.
A maioria dos bons filósofos crê na existência de Deus e na possibilidade em conhecê-lo em manter contato com Ele. Mas a religiosidade destes filósofos tem uma característica mais existencialista e menos dogmática, ou seja, eles crêem em Deus como uma fonte inesgotável de sentido para a vida e os dilemas da existência. Não crêem no Deus morto das fórmulas dogmáticas. Também não crêem no Deus das elites, sentado entre os nobres e punindo os nada favorecidos. O Deus dos filósofos é um ser indecifrável, mas que pode ser encontrado no embate diário, em meio ao sofrimento e coragem das pessoas que precisam continuar vivendo, até que a morte chegue.

16. A relação entre Filosofia e Política

Francis Bacon afirmou que “saber é poder”, mas sua ideia principal é voltada para o poder científico, para o político. No entanto a ideia do “PODER” está atrelada à Filosofia Política, amplamente desenvolvida nos escritos de Platão e Aristóteles. Ambos filosofaram na sociedade de Atenas e acreditavam que o governante de um povo ser um déspota esclarecido, um rei-filósofo. Com o passar dos anos eles se distanciaram da política devido ao desencanto com seus governantes que usavam a filosofia com fins de dominação demagógica.
Na Idade Media o filósofo Nicolau Maquiavel ficou consagrado com seu pequeno tratado sobre o governo de um príncipe e sua doutrina ficou conhecida como “maquiavelismo”, ou seja, o importante é se manter no poder, custe o que custar. Ele dizia que o exercício do poder não pode ser mantido com amor, e sim, com temor. Os homens devem temer seus governantes, pois eles possuem o poder nas mãos.
Os filósofos da Idade Moderna exaltaram o poder republicano, dizendo que o povo deveria participar do governo por meio de representantes eleitos direta ou indiretamente. Como eles filosofaram no tempo das monarquias, o poder dos reis era divino e absoluto, com isto, o povo era mantido distante das esferas de governo e o grau de pobreza profundo e permanente.
Adicionar legenda
Thomas Hobbes defendia que o Estado deve ser totalitário e precisa dominar todas as esferas da vida de seu povo. Rousseau defendia a ideia de um Contrato Social, onde o povo se deixava governar por seus representantes, desde que os interesses de todos fossem bem equilibrados por leis de igualdade. E quando o governante for corrupto? Neste caso o povo deve se levantar para derrubá-lo, seja por meio de protestos, novas eleições ou mesmo revoluções. 
O Brasil experimentou várias formas e modelos de governo. Começou como uma Colônia de Portugal, se tornou Império, depois um República, uma Ditadura Militar e atualmente é um Estado Democrático de Direito. Isto significa que os brasileiros se governam por uma Constituição Federal e reconhece como governantes os políticos eleitos diretamente pela maioria de votos.

15. A relação entre a Filosofia e a Arte

Não há dúvida que a Filosofia é filha da Arte, afinal se originou no mundo pensadores poetas e admiradores da poesia. Ao estudarmos a História da Arte somos levados ao tempo das cavernas onde os primeiros homens deixaram registrados os traços de suas culturas e sabedoria. É necessário um bom senso estético para estilizar as pinturas rupestres nas paredes das cavernas, além de um alto senso crítico para desenvolver as tinturas utilizadas, as quais resistiram a milhares de anos e não desapareceram.
Entre os egípcios a arte hieroglífica alcançou o auge da percepção artística e envolveu a vida do mundo antigo por milhares de anos. Era impossível ignorar a arte egípcia, pois eles dominaram muitos territórios e povos e lhes era necessário compreender a linguagem iconográfica dos hieróglifos, pois traduziam as leis, os costumes e os contratos dos egípcios.
Também a arte babilônica explorava a iconografia, a escultura e a arquitetura. Os monumentos escavados na antiga Mesopotâmia demonstram que o gosto pela arte possuía um status de sacralidade, pois a expressão da Beleza é um dom dos deuses. No entanto, quando comparamos o modelo de beleza dos povos antigos com os modelos atuais ficamos perplexos. Como podiam eles admiram seus zigurates, suas estatuais assimétricas e suas pinturas grotescas? Era assim que concebiam a Beleza.
Para os gregos a busca pela Beleza tornou-se uma obsessão. Os mitos de Afrodite e de Apolo os apresentam como deuses com beleza perfeita de tal forma que causavam inveja nos demais deuses. Zeus, o maior de todos os deuses gregos era horripilante e para seduzir as mulheres era preciso usar disfarces. Como se vê, há um confronto entre o Belo e o Feio e é necessário que o “feio” seja camuflado com roupas e pinturas “bonitas”. 
A Filosofia de Platão estabeleceu a Beleza como a maior de todas a virtudes que existem. Ela está no topo do mundo espiritual, acima da Justiça, da Bondade e da Verdade. Ela é a soma de todas as Virtudes, portanto,deve ser buscada incansavelmente pelos homens, pois quem encontrar a Beleza também encontra a salvação, ou melhor, encontra a libertação de todas as “feiúras” que estão neste mundo. Para Platão a vida neste mundo é uma triste existência “em prisões escuras” cheias de enganos.