O marco zero
da filosofia é a curiosidade. Os
gregos contam inúmeros mitos consagrando a “curiosidade” como a responsável pela desgraça dos homens, afinal,
sem curiosidade Pandora não haveria
liberado as tragédias presas na caixa que Epimeteu recebeu dos deuses. Sem curiosidade os amigos de Ulisses não
teriam liberado os quatro ventos que Eólio havia prendido em um saco. Sem curiosidade Ícaro jamais teria voado
com suas asas de cera perto do carro do Sol.
Sempre que nos
mostramos curiosos em descobrir algo, somos convidados a filosofar. A diferença
entre a curiosidade mitológica e a filosófica está na metodologia que
empregamos, pois nos mitos a curiosidade produz tragédias desestimulantes,
afinal os deuses detestam o anseio humano pelo desconhecido e trapaceiam para
derrotarem o curioso. Mas a filosofia atua de outra forma, provocando mais e
mais curiosidades, tornando o homem um inconformado com sua falta de
conhecimento das coisas.
Os filósofos desenvolvem
métodos de investigação para satisfazer a exigência da curiosidade. Heráclito,
por exemplo, usava a polêmica. Parmênides
usava a lógica da não-contradição. Sócrates
fazia perguntas, mas não respondia. Platão eliminava quem não conhecesse a ciência
dos números. Aristóteles dividia tudo em átomos. Como vemos, a filosofia exige
que se crie um método, e isto é curioso.
Atualmente a Filosofia se ocupa com a questão do
trans-humanismo, pois há uma curiosidade em saber como seria a vida eterna de
uma consciência neste mundo. Seria possível vencer a barreira da morte e
continuar eternamente consciente neste mundo? Será que a tecnologia dos andróides
poderia evoluir ao ponto de haver um hardware que suporte o download de uma consciência
humana? O ser humano continuaria sendo humano sem um corpo humano, mortal e sensível
a este mundo?
Esta curiosidade é como a de Pandora, e pode abrir uma caixa de extermínio
para a humanidade? Em que ponto estamos? A Filosofia da Mente se ocupa
exclusivamente em investigar este assunto e desde a máquina decifrar códigos
secretos até a nanotecnologia se passou menos de um século e os homens estão em
busca da partícula de Deus, conhecida como anti-matéria.
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